quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Liberação da maconha

Um amigo (“FULANO”), ao ver um vídeo que mostrava um usuário de crack afirmando que a maconha era um acesso para o crack, disse (segue nosso diálogo em rede social):


FULANO: “Digo NÃO à descriminalização da maconha!”.

EU: “Agora, álcool pode, né? kkkk... Ainda que essa de ‘porta de entrada’ fosse o caso – o que eu discordo, não há essa ligação necessária –, a proibição é um mal maior. (Antes que surjam as más línguas: não, não estou legislando em causa própria)”.

FULANO: “Então você acha que álcool pode, Moisés!? Como você prova que não há essa ligação necessária? Sua prova é filosófica? Por um acaso filosofia serve pra isso? Outra coisa é que preso bastante minhas amizades, ainda mais com pessoas que não se ‘entorpecem’ com maconha, já que você é uma delas.”.

EU: “Veja que eu termino a provocação com ‘né?’, logo, não é uma afirmação cabal, e não estou emitindo minha opinião sobre o álcool, a intenção é tão somente confrontar e/ou confirmar a sua. Nunca vi marcha ‘da família, por deus e pela proibição do álcool’, rs. Esse sim faz mais sentido colocar como ‘porta de entrada’ para outras drogas, mas, da mesma forma, não é algo necessário. Bom, se por prova filosófica você quer dizer lógica e racional, sim. Ora, se fosse o contrário, todos que usassem maconha necessariamente usariam o crack, e não é o caso. Além da prova empírica, conhecer diversas pessoas que só usam maconha, todas as estatísticas colocam a maconha como a droga (ilícita) mais utilizada, isso não faria sentido se a ligação com o crack fosse necessária; elas estariam no mesmo patamar. Penso ainda que, se a legalização da maconha ocorresse, essa ligação entre as drogas seria menor, pois além do local de compra ser outro, não faria parte da ‘aventura’ de experimentar algo proibido. Agora, o que temos com a ‘proibição’? (Entre aspas, pois como dizia o Gabriel Pensador: ‘se você quiser comprar é mais fácil que pão’). Uma guerra insana onde pessoas são mortas todos os dias, em conflito ou por balas perdidas (diga-se de passagem, essa guerra nos morros é ainda um dificultador para a desmilitarização da polícia), superlotação dos presídios por pessoas que não tem condições socioeconômicas e vão se arriscar no tráfico, policiais corruptos que tomam tal como uma oportunidade de enriquecimento, aumento do contrabando de armas, pois é preciso proteger o ‘negócio’, o que gera inclusive tortura, sequestros e assassinatos (inclusive de crianças) para manter a ordem, estigmatização dos usuários como criminosos, um super mercado em que o governo não ganha um centavo, entre outras coisas. Sem contar que com a maconha ilegal o sujeito nem sabe o quem tem misturado nela, o que pode fazer muito mais mal à saúde, que, por sua vez, gera mais gastos ao erário. Finalmente, basta pegar os exemplos dos locais em que a maconha é legal, prova que o argumento da ‘instauração do caos’ é pura falácia. Lamento que você separe suas amizades com esse critério, eu conheço pessoas incríveis que são usuárias, a meu ver, esse é um dos preconceitos mais rasos, mas, nesse quesito, cada um sabe de si.”.

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